God Save the Queen pelo Reino Unido! Ah, que Reino!! São tantas paisagens, pessoas e comidas diferentes, desde cidades eletrizantes a vilas bucólicas, tudo sob um mesmo guarda-chuva e a poucas milhas de distância. Viajar de carro por UK foi a melhor viagem de farewell que podíamos imaginar depois de um ano morando em Londres!
Neste post contarei sobre um roteiro audacioso – mas com 100% de sucesso – programado com muito carinho, que teve como ponto de partida e de chegada a cidade de Londres, passando pelo norte da Inglaterra até a sua fronteira com a Escócia, atravessando o mar da Irlanda, com direito a um potpourri da República da Irlanda e Irlanda do Norte, com retorno pelo País de Gales.
Não pretendo aqui esgotar o assunto, portanto, não espere detalhes sobre todas as cidades que visitamos. Por outro lado, garanto que se seguir este roteiro, ainda que com desvios ou acréscimos, terá um bom apanhado do que faz daquele Reino tão unido e especial!!
*Nota: para encurtar, refiro-me a Reino Unido como o conjunto Inglaterra, Escócia, País de Gales mais as duas Irlandas. Mas, confesso, está errado! O Reino Unido (United Kingdom ou UK) é formado pela ilha da Grã Bretanha – que por sua vez engloba a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales – mais Irlanda do Norte com algumas ilhotas ao redor. Já a República da Irlanda, que ocupa a maior parte da ilha da Irlanda, tornou-se um estado independente em 1922 e, desde então, está fora do reinado britânico. Apesar das diferenças políticas (a República da Irlanda adota uma república constitucional parlamentarista), religiosas (na contramão dos seus vizinhos, que adotaram a igreja protestante como carro-chefe, a República da Irlanda é predominantemente católica) e de idioma (principalmente notada quando estiver dirigindo de uma Irlanda à outra ou quando não entender bulhufas de nada do inglês gaélico dos escoceses), nos demais aspectos os 5 países parecem estar em plena sintonia! Por isso mesmo tomei a liberdade de colocar tudo em um só Reino Unido.
Dito isso, pergunto: are you ready??
Dia 1: Londres / Cambridge / Stratford-Upon-Avon
Partimos cedinho do centro de Londres rumo à cidade estudantil de Cambridge. Passamos o resto da manhã e boa parte da tarde explorando as maravilhas de Cambridge, com direito a uma visitinha à tradicional King’s College. Após o almoço, zarpamos para a simpática Stratford-Upon-Avon, nada mais nada menos que a cidade natal de Shakespeare. Em um esplêndido final de tarde, visitamos a casa onde Sheakspeare nasceu e passeamos pelas margens do rio Avon. Dormimos no hotel Best Western Grosvenor, uma boa pedida.
Dia 2: Liverpool / York
Na manhã seguinte demos adeus a Shakeaspere e partimos à terra de outro ícone britânico: Liverpool, a casa dos Beatles. Fomos direto às docas, onde hoje existe um moderno complexo de lojas, restaurantes e museus, incluindo o museu Beatles Story, que acabou nos tomando boa parte da manhã. Antes de partimos para a próxima parada, como não poderia deixar de ser (quem conhece meu digníssimo marido sabe do que estou falando!), visitamos rapidamente os estádios do Liverpool FC e Everton FC, os dois principais times da cidade. Passamos pelo Strawberry Fields – da música – e rumamos ao centro da Inglaterra. Chegamos à (velha) York num fim de tarde delicioso e nos hospedamos no Hedley House Hotel. À pé, fomos explorar o centro histórico e procurar um dos tantos restaurantes deliciosos por lá. York é uma daquelas cidades que te fazem voltar no tempo sem muito esforço, basta andar pelas ruazinhas, que num passe de mágica vem à cabeça o som dos cascos dos cavalos batendo nas pedras do paralelepípedo e a imagem de homens medievais bebendo cerveja.
Dia 3: Robin Hood’s Bay / Newcastle
Após um típico English breakfast, passeamos pelas ruas do centro de York com direito a comprinhas e visitamos a York Minster, a mais antiga catedral medieval. Gratos de termos escolhido York, rumamos ao extremo norte da Inglaterra, com parada estratégica em Robin Hood’s Bay para um rápido almoço com vista à baía onde, legendariamente, o mais famoso justiceiro da história atracava seus barcos para fugir. Chegamos a Newcastle upon Tyne (ou simplesmente Newcastle) num fim de tarde úmido. Após deixarmos as malas no nada-de-especial-mas-honesto Premier Inn Quayside, fomos checar o que estava pegando na noite! Encontramos muitos jovens (bêbados) falando uma língua que em nada se parece com o inglês que conhecemos.
Dia 4: Hadrian’s Wall / Belfast
Acordamos ansiosos para o que prometia ser um ponto alto da viagem: visita à tão esperada Hadrian’s Wall… mas, é claro, só depois de darmos uma passadinha no estádio do Newcastle FC! Em seguida, margeamos a muralha do Imperador Adriano por quase duas horas, paramos no centro de visitantes e fizemos questão de subir nessa fortificação militar de mais de 2.000 anos! Não decepcionou – de fato, ponto alto! Mais sobre a muralha aqui no Sete Malas. Partimos ao extremo oeste para pegar o ferry na cidade de Stranraer , na Escócia, rumo a Belfast, na Irlanda do Norte, numa travessia de 3 horas. Recomendo o nosso hotel por lá: Bendedicts Hotel.
Dia 5: Antrim / Belfast
Acordamos cedo para conseguir explorar o centro de Belfast e seus arredores, incluindo um interessante tour pela Shankill Road, palco dos conflitos entre católicos e protestantes. Em seguida, fizemos um bate-volta até a costa de Antrim, para checar a famosa formação rochosa Giant’s Causeway e atravessar a ponte suspensa Carrick-a-rede, ambos cartões postais da Irlanda do Norte. Chegamos a Belfast de noitinha e as ruas estavam cheias de gente, uma animação só! Já fiz um post dedicado a Belfast e arredores, veja aqui.
Dia 6: Dublin
Dia de conhecer a cidade do U2: a incrível Dublin! Estacionamos o carro no centro, perto do Castelo de Dublin, e fomos explorar a cidade à pé. Foi a melhor coisa que fizemos! Os principais pontos turísticos estavam logo ali. No fim de tarde, dirigimos até o hotel, um B&B muito simpático chamado Butler’s Town House, um pouco afastado do centro, o que não nos impediu de ir (e voltar) à pé até o centro para jantar. Viva a Europa!
Dia 7: Cliff of Moher / Limerick
Dia intenso e de muitas paisagens tipicamente irlandesas. Partimos de Dublin e em poucos minutos chegamos a Powerscourt, um jardim milimetricamente planejado, que além de muito agradável para um passeio descompromissado, é um ótimo pit-stop para café e comprinhas. Em seguida, atravessamos pelo interior da República da Irlanda, com direito a rebanhos de ovelhas atravessando a estrada e as inusitadas formações rochosas conhecidas por Burren (um enorme platô de pedras), até chegarmos à costa oeste, conhecida pelos rochosos cliffs, incluindo o imperdível Cliff of Moher (aliás, já falei do tal por aqui). Fizemos uma parada não programada em Limerick.
Dia 8: Cork
Na manhã seguinte, continuamos dirigindo em sentido sudoeste, passando pelos incríveis lagos de Killarney, margeando a costa da Irlanda, até chegarmos ao Farol de Crookhaven, o ponto mais a sudoeste da Irlanda. No fim da tarde, chegamos à cosmopolita Cork, uma ótima opção para passar a noite, cheia de bares, restaurantes e opções de hotéis. Ficamos no Ambassador Hotel. Passeamos pelo River Lee e jantamos em um dos muitos restaurantes à beira dos charmosos canais que desenham o centro de Cork.
Dia 9: Cobh / Rosslare
Pela manhã, passeamos pelas ruazinhas de Cork e em seguida rumamos à vizinha Cobh (antiga Queenstown), que leva a fama por ter sido a última parada do Titanic antes do gigante afundar nas águas geladas do Atlântico. Nossa última parada na Irlanda foi Rosslare, uma singela cidadezinha, mais conhecida por ser o local de embarque do ferry para atravessar o mar da Irlanda até Pembroke, no País de Gales. Como o ferry partiria apenas na manhã seguinte, aproveitamos para curtir o Bed & Breakfast Ashley Lodge e pegar uma praia, já que Rosslare é tida como a cidade mais ensolarada da Irlanda (não que signifique muita coisa para os nossos padrões…).
Dia 10: Cardiff
Partimos cedinho de Rosslare e depois de 4 horas de travessia, chegamos a Pembroke, no litoral galês. Dirigimos pelas colinas verdes do sul de Gales até chegarmos a Cardiff, a capital do País. Deixamos o carro no hotel, um Premier Inn do centro, e fomos nos aventurar à pé pela cidade. Cardiff é muito charmosa, com jardins impecáveis e um castelo imponente, mas a sensação é de estar em uma cidade interiorana inglesa… Fechamos a noite com um jantar delicioso no Jamie’s Italian, sempre uma boa pedida (como já reiterei por aqui)!
Dia 11: Bristol / Bath / Londres
Último dia de viagem, partimos cedinho de Cardiff e em menos de 1 hora chegamos a Bristol, no oeste da Inglaterra. Não encontramos nada de muito interessante e então logo partimos para Bath, a cidade das termas romanas! Que lugar incrível, prédios tipicamente georgianos, centrinho cheio de estudantes, bares e restaurantes deliciosos… definitivamente fechamos com chave de ouro!! No fim de tarde, depois de 12 dias de viagem, 5 países visitados e 3.260 Km rodados, voltamos a Londres, alguns Pounds mais pobres e com muitas histórias para recordar!
Importante:
– Época do ano: viajamos em meados de agosto, com temperaturas mais do que agradáveis (nem frio, nem calor) e, mais importante, com luz do sol até tarde, o que é um benefício por aqueles lados. Entre final abril e começo de outubro é o ideal.
– Para quem viaja de carro, o GPS é um item indispensável. Só ele para achar atalhos no interior da Irlanda. Mas é sempre recomendável ter um bom e velho mapa rodoviário em mãos, pois, acredite, a tecnologia pode falhar! E um guia de viagem, para acompanhar tudo o que há ao redor, assim saberá se vale a pena desviar um pouquinho da rota planejada.
– Não subimos até Edimburgo e Inverness, na Escócia, pois já havíamos estado por lá. Mas, havendo tempo de sobra, é perfeitamente viável – e recomendável – incluí-las no roteiro! O mesmo vale para outras tantas cidades interessantes que ficaram pelo meio do caminho, como Oxford…
